Editorial
O fim de uma era
O final de semana em que se celebra a virada do ano será também marcado por dois momentos distintos na política brasileira: o encerramento do ciclo de Jair Bolsonaro (PL) no Palácio do Planalto e o começo de uma nova etapa com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no governo federal. Uma mudança de gestão que ocorre a cada quatro anos - ou oito -, mas que pode-se afirmar sem risco de errar que, desta vez, será a mais relevante dentre todas.
Por relevante, vale a pena ressaltar, não significa apontar o que está por vir ou o que ficou para trás como melhor ou pior. Ainda que existam parâmetros e fatos fartamente documentados que permitem se chegar a uma conclusão sobre o período que se encerra e o legado deixado pelo a partir de domingo ex-presidente, não se pode desconsiderar que cada cidadão tem a sua avaliação pessoal, com base nos pontos que considera essenciais para atribuir qualificadores a um governo ou governante. A relevância referida, portanto, está na característica da atual transição de poder no Brasil. Jamais houve, nestas décadas de democracia no País, contraste tão grande entre quem deixa a Presidência da República e quem passa a representá-la. Em todas as demais trocas de governo, ainda que personagens de partidos diferentes fizessem a sucessão, nada se compara ao afastamento ideológico, de pensamento político, de comportamento e modo de gestão que se coloca no presente.
A conclusão lógica disso é que o Brasil que começa o final de semana não é o mesmo que termina. Pelo menos no seu núcleo de poder, de onde partem decisões com potencial de interferir diretamente na vida de todos os cidadãos. Pois, ao contrário do que se costuma dizer, o que ocorre em Brasília, ainda que distante dos olhos da maioria das pessoas, tem reflexo no dia a dia. Para o bem e para o mal. Da economia à saúde. Da educação à segurança. Se o governo central vai bem, os estados tendem a ir bem, os municípios certamente são favorecidos.
O governo de Jair Bolsonaro deixa suas marcas para além de questões aparentemente apartadas da população, como a política externa de isolamento diplomático, por exemplo. Tem reflexos no cotidiano de quem estuda, de quem trabalha (ou quer trabalhar), de quem busca acesso à saúde, de quem luta por direitos. E o governo Lula, que inicia, tem a obrigação de atender estas demandas. Questões que se arrastam, inclusive, desde que o próprio novo presidente teve a oportunidade de administrar o País por duas vezes e eleger sua sucessora.
Os brasileiros estarão atentos. A imprensa continuará vigilante. Não devido a esta grave e violenta divisão entre quem está do lado de A ou de B. Mas porque deve haver a união de todos em torno de um País melhor, ainda que as pessoas pensem diferente.
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